sábado, 5 de setembro de 2009

O Grande Demagogo


Que professor não se lembra da carta de Sérgio Cabral na última eleição?Agora, as vésperas da próxima eleição, sem cumprir o que prometeu na carta (que só serviu mesmo para ganhar votos dos professores), tenta através do Projeto de Lei 2474 (que possivelmente será votado no dia 8) reduzir o índice entre os níveis de 12% para 7,5%, entre outras sacanagens.O projeto seria votado nessa semana. Foi adiado. A presença de centenas de professores na Alerj deixou os "pobres" parlamentares constrangidos. Os professores vão entrar em greve na terça, dia 8. Força professores e funcionários das escolas!!! Vocês não estão sozinhos!

A caricatura e a nota publicada acima foram retiradas do boletim eletrônico da Revista Médio Paraíba: http://www.medioparaiba.com.br/revista/

Carta aberta à população do Estado do Rio de Janeiro

"Nós, professores servidores do Estado do Rio de Janeiro, escrevemos esta carta aberta à população do Rio de Janeiro para mostrar aquilo que realmente envolve a questão a incorporação da gratificação chamada Nova Escola e a diminuição do nosso plano de carreira.

A princípio, não foi dito o valor do salário do professor estadual, que é de apenas R$ 607,26. A população deve imaginar que recebemos alguma ajuda extra, como vale transporte, vale refeição ou plano de saúde, que qualquer empresa é obrigada a fornecer ao seu funcionário. Porém, não é isso o que acontece: não recebemos estes benefícios, que são direitos de todo o trabalhador e ainda temos o desconto previdenciário de 11%, recebendo um salário líquido de aproximadamente R$ 540,00.

O Governo faz propagandas na televisão dizendo que deu laptops para todo professor, mas na verdade, estes laptops foram adquiridos pelo sistema de comodato, ou seja, estes equipamentos são emprestados pelo governo que, quando bem entender, pode pedir os mesmos de volta. Atualmente, observamos a climatização das salas de aula, onde o Governo aluga os aparelhos e ainda terá um consumo absurdo de energia elétrica, gerando consumo de energia bastante elevado.

A incorporação do Nova Escola, se dará até 2015, em 7 parcelas. O governador já se considera reeleito. Existem casos de professores que receberão no ano que vem, segundo este projeto, um aumento de R$ 2,47 Isso mesmo, talvez não dê para pagar uma passagem com o valor deste aumento em 2010.

Um outro ponto é o grande número de pedidos de exoneração de professores, estima-se que seja aproximadamente 30 por dia! Não existem condições de trabalho e isso nos incomoda. Contudo, o que mais nos deixa indignados, é a carta compromisso enviada a nossos lares onde o mesmo governador empenha sua palavra e agora se esquece de tudo aquilo que prometeu.

As promessas são:

Promessa 1- Reposição das perdas dos últimos 10 anos.Resultado- Reajuste de 4% e mais 8% de uma perda de mais de 70%.
Promessa 2- Manutenção do atual plano de carreira e inclusão dos professores de 40h.Resultado- Não só manteve o professor 40h de fora do plano como diminuiu as diferenças entre níveis de 12% para 7,5%.
Promessa 3- Fim da política da gratificação Nova Escola e incorporação do valor da gratificação ao piso salarial.Resultado- Esqueceu de avisar que seria em 7 anos e sem reposição da inflação.
Promessa 4- "A Secretaria de Estado de Educação do meu governo terá como titular pessoa com histórico na área de educação e vínculos com o magistério."

Resultado- A atual titular da pasta é da área de computação, burocrata sem passagem pelo magistério.Não somos ouvidos, e ainda vemos a imprensa nos virar as costas e distorcer a situação real. Somos pais e mães de família, que fizeram um curso superior, na esperança de um futuro melhor.

Contamos com a compreensão e a colaboração da população do Estado do Rio de Janeiro.

Agradecemos imensamente a atenção

Professores do Estado do Rio de Janeiro"

Carta postada pelo professor William na comunidade do orkut "Professores do Estado do RJ".

Palavras do Professor: A ESTRELA (DE)CADENTE DO PT


Por Roberto Mansilla[1]
Surpreende-me que ainda existam pessoas que se surpreendam com o PT. O partido que atuava sob a aura dos “nobres princípios”, da luta pela justiça social, e da defesa intransigente da ética, há muito já não existe, se é que algum dia realmente existiu como tal.
A mudança começou ainda na segunda metade da década de 1990, quando após três derrotas consecutivas na sua pretensão presidencial, Lula e seus comandados abandonaram a sua velha rejeição por alianças amplas e heterogêneas e trocaram a bandeira de um “radicalismo social” por uma indefinida roupagem social democrata. O discurso raivoso contra tudo e contra todos foi abandonado. A permanente mobilização de setores sindicais e movimentos populares também foram substituídos por um comportamento menos agressivo e pelos acordos e conchavos bem a gosto dos partidos tradicionais (burgueses).
Essa mudança já vinha se processando antes mesmo da candidatura de Lula em 2002 e da famosa Carta aos Brasileiros, na qual era exposto o compromisso de manter os contratos internacionais firmados pelos governos anteriores. Com isso, os petistas tentavam afastar quaisquer insinuações de que iriam mergulhar o país numa perigosa aventura política, e tentavam atrair os votos da classe média e de setores do empresariado, o que de fato ocorreu. O sectarismo e o maniqueísmo, marcas registradas do partido de Lula pareciam coisas do passado.
A ascensão ao poder, emoldurada pelo slogan de que “a esperança venceu o medo” sinalizava que havendo tomado juízo o PT poderia liderar um processo de modernização política do país, na qual a consolidação da democracia, a estabilização da economia, a acentuação da justiça social e o aprimoramento da ética nas relações públicas caminhariam juntos. Mas não foi o que se viu.
O que se viu foi o PT apoderar-se dos principais cargos da administração federal e das estatais, e distribuí-los entre correligionários, protegidos e familiares; o que se viu foi governo petista aumentar de forma descomunal os quadros da administração, inflar os gastos públicos, especialmente com propaganda; finalmente, o que se viu foi o governo do PT estabelecer uma maioria no Congresso ao preço da prática do mais explícito e despudorado fisiologismo que se tem notícia.
O coroamento de tais práticas não poderia ser outro que não a descoberta do mais amplo esquema de corrupção da História Republicana conhecidos. Dirigentes partidários, ministros, parlamentares e empresários movimentaram milhões de reais num esforço para manter sólida a aliança que sustentava Lula no poder. A revelação do esquema fez cabeças importantes rolarem e atirou no lixo a boa fama que ainda restava ao partido de Lula.
Numa mistura da esperteza de Lula com a incompetência da oposição burguesa (PSDB, DEM, notórios partidos corruptos), o presidente conseguiu escapar mais ou menos ileso do imbróglio do mensalão. Mas o PT não mais se recuperou do golpe. Perdeu definitivamente a identidade, e principalmente a parcela de influência sobre o governo Lula. Transformou-se, no Congresso e no Executivo, num mero coadjuvante, obediente e submisso, e teve que engolir o crescimento do prestígio do PMDB junto ao presidente.
Despudorado, assumidamente fisiológico e completamente imune a crises de consciência ou de falso moralismo, o PMDB passou a servir melhor aos propósitos pragmáticos de Lula, tanto no que tange à governabilidade quanto no que diz respeito à sucessão presidencial.
A crise no Senado que já vinha se deteriorando, teve seu grand finale no apoio oficial do PT à permanência de José Sarney na presidência da Casa, apesar das várias denúncias contra o coronel maranhense como o favorecimento da empresa do neto na prestação de serviços no Senado, vender terra no nome de laranjas para não pagar impostos, desvio de recursos públicos, prática de nepotismo por atos secretos... De nada adiantou a opinião pública e as manifestações realizadas nas principais capitais brasileira exigindo a renúncia de Sarney. Tudo terminou em uma bela pizza. Com a ajuda imprescindível de três senadores do PT, as acusações que pesavam sobre o coronel e Presidente do Senado, acabaram sumariamente arquivadas.
Essa atitude expôs definitivamente as chagas do partido. Desnorteados, os petistas partiram para o salve-se quem puder. Alguns, como Marina Silva e Flávio Arns, saltaram do barco a tempo de tentarem salvar o seu cacife eleitoral em outros partidos. Outros mergulharam num processo hamletiano, da escolha entre os ditames da consciência ou a submissão vergonhosa de suas consciências aos ditames do chefe. No caso do senador Aloísio Mercadante, prevaleceu a segunda opção.
Será possível o PT juntar seus cacos? Uma coisa é certa. A identidade de um partido baseado na mobilização dos trabalhadores – que desde a década de 1990 foi se perdendo –, tornou-se, com os episódios do socorro a Sarney (e da aproximação com o Collor, lembram dele?) um partido que hoje é uma caricatura de si mesmo: eleitoreiro, clientelista, fisiológico e sem o mínimo de vergonha na cara.

[1] Professor de História da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro.

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