sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Veja o texto de professora da rede que criou a “Costinlândia”

O PROFESSOR

O professor mudou de Cidade, foi para uma Cidade chamada Inventividade, lá, o olhar das pessoas  brilhava e as idéias pareciam florescer nos jardins das ruas tranqüilas.
Primeiro dia na nova escola era reunião pedagógica. “Reunião Pedagógica…” Há muitos anos não ouvia essa expressão. O professor não compreendeu muito bem o que o coordenador queria, pensou sem coragem de perguntar: “Não vão me entregar as apostilas prontas? O planejamento?”
Na primeira atividade uma grande surpresa: o coordenador pedia que os grupos listassem problemas de indisciplina e encaminhassem as soluções. Em Costinlândia, de onde ele vinha, a mãe dos alunos são quem resolviam todos os problemas dessa ordem, assumiam totalmente o controle da turma, visitavam a mãe dos alunos que causavam problemas, algumas vezes, ameaçavam se queixar com o “pessoal do movimento”.
O professor estava se sentindo cada vez mais perdido. Quando apresentaram o portfólio onde teria que registrar o desenvolvimento dos alunos, quase gritou, mas se conteve. Há muito tempo ele não fazia aquele trabalho, quem escrevia sobre os alunos eram os estagiários.
O professor estava começando a ficar zonzo, tinha que pensar o tempo todo, tinha que criar.
Criar… Criar???? Criar!!!!
E agora????
Não resistiu e perguntou ao coordenador: “Onde está o planejamento?”
O coordenador o olhou penalizado. Corria muito a notícia de que os professores de Costinlândia não pensavam mais, os planejamentos vinham prontos, os exercícios eram entregues em forma de apostilas durante todo o ano, as provas também já vinham prontas, já não lembrava o que era planejamento, um projeto pedagógico, pior ainda, sua prática não era mais baseada em nenhum teórico da educação.
Até o nome de “professor” eles perderam, eram denominados “aplicadores”.
Recebiam treinamento freqüentemente, todos on-line. “Como corrigir as atividades propostas?”, “Como aplicar uma prova com eficiência?”, “10 semanas para aprender a usar o manual do aplicador”.
Os aplicadores eram trocados periodicamente, porque não atendiam mais ao “padrão de qualidade”, ou não atingiram as metas estabelecidas. Alguns chegavam a forçar o modo de andar (havia um modo de andar peculiar aos melhores aplicadores), quem fugia deste modelo era descartado. Às vezes um aplicador acabava se entregando pelo andar pensante e inventivo de um professor dos velhos tempos.
Em alguns casos, os aplicadores eram trocados pelos próprios estagiários, que custavam menos ao governo e não tinham um passado pedagógico que podia ressurgir a qualquer momento.
Finalmente, o coordenador respondeu: “Professor, o senhor e seu grupo farão o planejamento”.
O professor não acreditava: “E os conteúdos? Depende dos projetos que o grupo desenvolverá?”
O professor baixou os olhos e começou a escrever no papel o que lembrava dos treinamentos on-line que recebeu nos últimos oito anos, não havia nada em sua mente, somente aquelas planilhas semanais com todas as atividades prontas.
POR MARIA JOSÉ DA SILVA*
E. M. BARÃO DE MACAHÚBAS – 3ª CRE

*Professora, educadora, criativa e questionadora que se recusa a se transformar em "aplicadora".

Cabral exonera Teresa Porto e novo secretário de educação apresenta velha proposta de meritocracia

CABRAL TROCOU SEIS POR MEIA DÚZIA!
Mal foi reeleito e o governador Sergio Cabral exonerou sua secretária de Educação, Teresa Porto. O novo secretário é o ex-diretor do Rio Presidência, Wilson Risolia. E com ele empossado, já começa a pipocar na imprensa a história de que a SEE irá implantar um sistema de metas parecido com o que existe na SME, com Claudia Costin, o que de maneira alguma será aceito pela categoria, que recebe um dos menores salários do país.

Novo secretário de educação apresenta velha proposta de meritocracia
 
O que diz o novo secretário de educação do estado do Rio de Janeiro, sobre a implantação da meritocracia no ensino, está longe de ser uma nova e boa idéia. O sistema meritocrático  na educação  de que fala o novo responsável pela pasta,  vem sendo utilizado nos EUA há 20 anos. Baseadas em medição de mérito e principalmente na responsabilização do professor pelo fracasso da educação, o sistema só fez cair a qualidade da educação americana. Recentemente, a professora Diane Ravicht, que ajudou  na sua implantação, fez crítica ferrenhas ao sistema e sua revisão de conceitos foi apresentada no livro The Death and Life of the Great American School System (tradução livre: a morte e a vida do grande sistema escolar americano), lançado este ano naquele país. No livro, a professora Diane demonstra que a formação dos alunos reduziu-se a prepará-los para  terem êxito em provas e que isso não representa melhoria na educação.

Eduardo Paes e Claúdia Costin seguem a mesma cartilha
Também no município do Rio, o prefeito Eduardo Paes, vem utilizando o mesmo sistema da meritocracia, sem sucesso. Nesta semana foi aplicado na rede o simulado para a prova Rio do dia 18/10 (que medirá o ide rio, responsável pelo pagamento do 14º salário para o próximo ano) e os professores garantem que nem sempre os melhores alunos fazem boas provas. Numa turma de 4º ano, da EM Noel Rosa, por exemplo, um aluno semi-analfabeto, em 32 questões acertou 19. E uma aluno com conceito B no último bimestre acertou apenas 9 questões. Além disso estas provas são elaboradas com  muitos conteúdos inadequados às séries. Os chamados provões centralizados, tratam alunos desiguais como iguais. 
Para o Sepe está muito claro que alunos provenientes das classes pobres e moradores de comunidade, não tem a mesma experiência daqueles que moram em bairros e são provenientes da classe média. As diferenças individuais tanto de alunos, quanto de escolas, não são levadas em consideração quando se elabora uma única prova para toda a rede. Sem falar que a prova de múltipla escolha, como único elemento avaliador, é uma loteria.
O Sepe está tentando trazer para um debate aqui no Rio a ex-secretária da educação Diane Ravicht e a Regional III do SEPE, fez neste ano uma entrevista exclusiva com a americana (leia a entrevista).
O Sepe apresentará como proposta ao novo secretário o cumprimento da pauta de reivindicações que contém entre muitos pontos a valorização profissional para que inclusive os profissionais não se exonerem da rede, a estruturação das escolas e a contratação de profissionais para suprir a carência.

Neste link, o leitor pode ver a matéria do RJTV da Globo, com a entrevista com a coordenadora do Sepe e diretora da regional 04, Vera Nepomuceno.

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